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Mitos da psicanálise

Atualizado: 6 de out.


  1. Longos silêncios sem que nada aconteça.

Essa ideia virou um mito, supõe-se que o analista é completamente neutro, misterioso e que diga apenas algumas frases perdidas.

Meu comentário: O silêncio é apenas um recurso técnico e não uma regra. Em algumas situações clínicas e dependendo do paciente, o analista fala mais ou menos. 


  1. O paciente deita no divã e fala da mãe.

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Essa é uma caricatura bastante conhecida. Ela remete à ideia clássica da psicanálise freudiana onde o paciente fala e o analista escuta, fora do seu campo de visão. A caricatura é a associação com a mãe, como se tudo fosse culpa dela.

Meu comentário: É uma ideia reducionista, nem sempre se utiliza o divã. E a relação com a mãe, embora muitas vezes fundamental, não é necessariamente o eixo de uma análise.


  1. O analista nunca dá respostas.

Diz o mito que o analista nunca responde nada, nunca opina, nem diz “o que fazer”.

Meu comentário: É uma verdade parcial. De fato a psicanálise não é aconselhamento. Mas essa construção de sentido pode envolver interpretações, pontuações e indicações que fazem diferença.


  1. A análise dura para sempre.


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A ideia de que quem começa uma análise nunca mais sai dela é comum. Vira uma relação interminável.

Meu comentário: Depende do caso, do paciente e da ética envolvida no trabalho. Há análises longas e curtas, conforme a necessidade. Se existe uma verdade é que no tempo da psicanálise, não existe pressa.


  1. A análise é coisa de gente rica, neuróticos e intelectuais.

Esse mito coloca a análise como um privilégio burguês num lugar intelectualizado, distante da realidade, num mundo fechado numa caixinha.

Meu comentário: A história mostra que de fato houve um viés de classe em algum momento do passado, mas hoje a psicanálise permite muitas formas de acesso e lida com todos os sofrimentos psíquicos em pessoas de qualquer classe social.


  1. A análise é normativa, sexista ou racista

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O início da psicanálise aconteceu num contexto social da Europa do final do século XIX, onde o normativo colonialista e heterosexual era a base cultural de onde o pensamento derivava. 

Meu comentário: Há muito esse estereótipo se desfez e hoje a psicanálise é do indivíduo, seja ele orientado a qualquer manifestação de gênero ou sexualidade possível; assim como de qualquer origem, cor de pele ou condição sócio-cultural.


  1. Tudo é sexo

Outro clichê freudiano. O mito diz que todo problema humano, para a psicanálise, gira em torno do sexo reprimido.

Meu comentário: Freud nunca disse que tudo era sexo, mas sim que a sexualidade infantil tem um papel importante na constituição do sujeito. Confundir isso com promiscuidade, adultério ou sexualidade exacerbada é um erro grotesco.


  1. Pra que vou ficar falando do meu passado se meus problemas estão no presente?

Meu comentário: Muito de como você vive o presente se baseia nas soluções que você criou para si mesmo no passado, com os recursos que você tinha naquela época. Quando você revisita sua história, pode repetir sintomas e assim cria condições para que uma elaboração aconteça e novas soluções possam ser trabalhadas.


Texto: Silvio Ambrosini


 
 
 

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